Viver para contá-las
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online Os primeiros dias em Bogotá foram passados nisto, pratadas, festarolas, muito passeio e muita conversa. Mas aos cinco dias mal tínhamos saído do norte, não tínhamos visto quase nada do tudo que ainda havia para ver. E foi também com a Rita que fomos para Sul. Chapinero, de ruas sujas e baratas, da malta mais underground, das lojas mais forinha, das universidades e dos cafés a trinta cêntimos. Chapinero, mais à frente, de ruas limpinhas e dos grandes edifícos, das casas, cafés e restaurantes só para quem pode. Candelária, num outro dia, mais a sul. Foi naquelas ruas estreitas e coloridas que nasceu a cidade. Candelária, um pueblito colonial onde continuam a nascer os movimentos artísticos, os contrarrevolucionários, os intelectuais e as modinhas. Candelária suja de graffitis e pinturas bonitas, Candelária de gente relaxada na rua, Calendária de todos, mestiços, backpackers, rolos, costeños, paisas e expats. Aqui não se sentem os estratos, aqui estamos todos taco-a-taco. Talvez porque também estejamos rodeados de universidades, bibliotecas e livrarias e a mente seja mais sã, talvez porque aqui se viva o amor, mesmo em tempos de cólera, talvez porque o Botero nos inche a todos, e do museu às ruas é fácil rebolar.
Da Candelária descemos ao Centro, alargam-se as calles, enchem-se de gente e livros copiados, DVDs piratas, arepas de rua, buñuelos, pastéis de yuca, empanadas, águas aromáticas, porcos assados de boca aberta nas montras, a abrir o apetite para a lechona, uma espécie de arroz de pato, de porco. Chucitos, panaderias, tienditas, abarrotes, bancos, teatros, museus e muita pedinchice. Mas é na grande praça de Bolívar, de frente para o novo Palácio da Justiça que imaginamos o fogo e a destruição de Novembro de 1985, quando as M-19, a pedido do Cartel de Medellin – dizem os rumores – tomaram o Palácio e queimaram todos os arquivos que o Supremo Tribunal guardava. Com os arquivos morreram mais de metade dos magistrados e mais de duzentas pessoas foram feitas reféns. Curiosamente o actual Presidente da Câmara de Bogotá é um antigo M19, na altura uma peça fundamental para a promoção dos diálogos entre as forças da guerrilha e o governo – para além disso não admite qualquer responsabilidade no massacre.
Mas é no alto de Monserrate, a 3152 metros de altitude, que temos finalmente a visão. Bogotá é uma grande mancha cor-de-tijolo que se espalha até se perder de vista, a subir pelas montanhas, a entrar pelo horizonte e a esconder-se atrás de outras montanhas. Nunca tínhamos visto uma cidade tão grande, é certo que a Cidade do México é maior, mas não há Monserrates para vê-la de cima. Bogotá parece-nos uma cidade de Outono, de céu cinzento, com algumas abertas de sol, um sol que pica, talvez porque está mais perto do que o habitual. E se entendemos a cor da cidade, não lhe compreendemos a arquitectura – a cor tijolo é uma influência espanhola, sim, mas os prédios e as casas parecem-nos nórdicos, de telhados em bico e grandes janelas. Em certas zonas, podíamos bem dizer que estávamos em Copenhaga, noutras em Londres, mas estamos em Bogotá e nada disso faz sentido.
Depois de onze dias por aqui, precisamos de sol e primavera – Medellin – a Rita vai lá ter connosco, mas o João fica. Deixamo-lo ao cuidado dos zombies no cinema, e é “feitas zombies” que entramos no autocarro.