Ai que calor, ai que calor, ai que calor
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open Ai que saudades dos pick-ups, das tours engendradas, das mini-vans para todo o lado, do sair pela porta e já está, e de pagar uma ninharia por tudo isso. Desde que chegámos às Américas temos de penar ou então pagar bem. Nós penamos. Agora checkamos mapas, googlamos itinerários, telefonamos para as companhias de autocarros, e depois é sempre assim – um táxi ou uma buseta, mais um autocarro, mais outro autocarro, mais o que temos de caminhar para chegar ao sítio. Para entrar no Parque Natural de Tayrona foi preciso chegar primeiro a Santa Marta, e como já era noite (nunca confiar no tempo previsto de chegada dos autocarros, acrescentar sempre uma, duas ou três horas), acabámos por dormir em Taganga, dizia o Lonely Planet qualquer coisa do tipo “uma pequena vila de pescadores” la, la, la, mas como já era de noite, não vimos nada. O que andámos a ver foi como ir para Tayrona no dia seguinte. Depois de percebermos que todas as agências cobravam o mesmo pelo mesmo, e que somar o colectivo para o mercado de Santa Marta, o público para Tayrona e o transtorno das mochilas não dava para o gasto, decidimos ir numa tour sim senhor, que as tours até param nos supermercados para se comprar água, fruta e pão, que as tours até têm furos a meio do caminho, que as tours até sabem onde se guardam as mochilas grandes e nos deixam à porta do parque.
Quarenta e cinco minutos até Arrecifes. A aventura. Andar pelo meio da floresta tropical sobre um corredor de tabuinhas, escadas de apoio, sempre com indicações muito pouco animadoras da percentagem do percurso percorrido. Aos trinta por cento já não há passeios para ninguém, a floresta adensa-se e aquece, as subidas e as descidas feitas de terra batida, pedregulhos e raízes de árvores começam a fazer –nos escorregar, a roupa está encharcada e só agora começamos a ouvir o mar. Mais uma subida apertada e temos finalmente a praia em baixo, há que descer. E quando imaginávamos já um mergulho, aparece-nos a primeira tabuleta de perigo, o primeiro aviso trágico dos 100 afogados só naquela praia. Na praia seguinte foram 200, mas para lá chegar tivemos de enterrar e arrastar os pés numa areia a ferver e continuar até à praia seguinte, é lá que vamos dormir. Vamos passar a noite numa hamaca, a opção mais barata claro. Mas agora o que queremos é dar um mergulho e na praia da frente ficaram mais 200 e na a seguir a corrente é tão forte que dá medo de ficar por lá também. Vinte por cento para a Piscina, diz a placa – se lhe chamam piscina, deve ser por alguma coisa. Já estamos a andar há mais de hora e meia, mas quando chegamos temos de perguntar se já chegámos – não deveríamos ter uma pequena lagoa de águas azuis transparentes, mar parado e areia branquinha? Não. Temos sim uma baía onde finalmente se pode mergulhar, mas o mar é muito pouco transparente e as ondas não deixam boiar. Dizem-nos que a praia seguinte é melhor e só é mais meia hora de caminho. Mais floresta apertada, mais floresta que se abre em palmeiras e recortes de luz, vale a pena chegar ao Cabo de San Juan. Passamos o resto do dia lá, onde o mar é mais azul e as palmeiras tracejam a enseada.
A noite passamo-la na hamaca, nós e mais cinco hamacas, todas alinhadas, todas com o mesmo padrão, presas às estacas da nossa cabana de rede e palhinha. Sete hamacas às voltas noite inteira. E foi com uma grande dor de costas que tivemos de fazer todo o caminho de volta, mais o caminho até à saída do parque (para poupar $5000 – €2), mais a buseta até à Estação de Santa Marta, mais vinte e duas horas até Bogotá.