Cidade do Panamá I Panamá
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Podíamos escrever muitas histórias só sobre as nossas viagens de autocarro. As cabeças tortas e caídas, a baba, o ressonar, as paragens bruscas, os motoristas loucos, os contratempos, as comidas, os cheiros, os vendedores ambulantes, as galinhas e os peixinhos, os chulés, as casas-de-banho. Mas desta vez o autocarro era bem jeitoso, daqueles com bancos reclináveis e suporte para os pés, almofadas e mantinhas. Um Tica Bus que nos ia levar de San Jose à Cidade do Panamá, das onze ao meio dia - nada mal - dormir, ler, ver um filme. Mas como no Tica o bilhete dá direito a mantinhas, deixamos os sacos cama na mala, e passados dez minutos, a temperatura ambiente já é de quinze graus, estamos de camisolas finas, calças soltas e sem meias nos pés, e a mantinha ou cobre as pernas ou cobre as partes de cima, e a mantinha não estica, nem é felpuda. Passada meia hora trememos e encostamo-nos uma na outra, que nos valha o calor humano. Passadas três horas os joelhos doem e todas as outras articulações também, estamos enregeladas e batemos à porta do motorista e do ajudante do motorista a implorar para desligar o ar condicionado – não - categórico e trombudo. São quatro da manhã e acordam-nos, estremunhadas, chegámos ao Panamá. é preciso descer do autocarro para carimbar o passaporte, quer dizer, são quatro e dez, a fronteira fechou às quatro e só volta a abrir às seis. Temos duas horas sentadas no cimento porque ainda é cedo, quer dizer, já é tarde. Seis da manhã e faz-se fila para o carimbo; seis e trinta, passaporte carimbado do lado da Costa Rica; seis e quarenta e cinco, fila para migração do Panamá; sete, não temos bilhete impresso para sairmos do Panamá, corremos o risco de voltar tudo atrás; sete e trinta, assunto resolvido, conseguimos imprimir os bilhetes de avião; oito, chamada; oito e trinta, revistam as malas; oito e quarenta cinco, de novo no autocarro, agora com sacos-cama. Estamos esfomeadas, talvez o autocarro pare numa berma de estrada qualquer. Acabamos por adormecer. é meio-dia e acordamos. Acordamos? Ou estamos a sonhar? Temos um Big Mac nas pernas – cortesia Tica bus – é preciso compensar o atraso e o autocarro não tem tempo a perder. Uau. Agora não se pára, é sempre a andar, há uma casa-de-banho na parte de trás e só em última necessidade ou “outras necessidades” é que se pára. Temos o dobro dos pés, já não vemos os tornozelos engolidos pelo inchaço, já nem posição temos e ainda estamos longe, o Big Mac (sem a coca-cola, nem a batata frita) não é suficiente para render pelo pequeno-almoço, almoço e lanche. às cinco da tarde, depois de atravessarmos a ponte que liga as duas Américas, chegamos à Cidade do Panamá. Esganadas. Sem bateria no telemóvel para dizer que chegámos, sem saber muito bem para onde temos de ir. O terminal é enorme, cheio de gente de lá para cá, gente malbaratada a entrar e a sair de autocarros, há caixotes e maletas de mão em mão, há gente a amontoar-se e a fazer mancha humana mesmo ao nosso lado. Estamos tramadas, estamos atordoadas e ficamos zonzas de puxar pelas mochilas até à berma do passeio, até ouvirmos alguém chamar pelos nossos nomes. Estão frescos, sorridentes e com aquele ar hesitante de quem está a tentar reconhecer caras – “Ana?! Bárbara?!” – sim, somos nós, sim, são eles – A Irma e o Julio são a mãe e o irmão da Vanessa, a amiga que o Ricardo e a Andrea nos apresentaram e que nos abriu a porta da família na Cidade do Panamá.
Uma hora depois estendíamo-nos ao comprido numa grande e confortável cama e tomávamos banhos de água quente e pressão certa. às oito e meia já tínhamos jantar marcado, um restaurante espanhol com um grupo amigo de espanhóis, e o melhor repasto dos últimos meses, daqueles que fazem lembrar os finais de tarde na Fuencarral a picar calamares, croquetas e tortillas. Comemos como mortas de fome e engolimos a vergonha.

Só tínhamos um dia para conhecer a Cidade do Panamá, mas ficou muito pouco por ver. O Júlio e a Irma revezaram-se e passámos o dia inteiro às voltas. Esta capital não tem nada que ver com as outras capitais da América Central. Arranha-céus, grandes vias e viadutos, o estilo gringo, os centros comerciais, o novo Museu da Biodiversidade arquitectado por Frank Gehry, obras de engenharia ultra-vanguardista e uma zona velha que está quase arranjadinha, já com bares cubanos, hotéis boutique e restaurantes da modinha. A cidade modernaça das grandes obras conhecemo-la ao lado do Júlio. Já o Canal, o Casco Velho, a floresta da chuva e as ilhas que se uniram com a terra sacada ao Canal, conhecemos com a melhor guia e anfitriã da Cidade, a Irma. Fartou-se de nos contar histórias, pormenores, curiosidades. Se não fosse pela Irma, nunca saberíamos que o Panamá é o país do mundo com melhor e mais água potável, para além de ter mais flúor que as outras e os panamenos terem os dentes mais branquinhos de sempre, é também com água potável que se enchem as comportas do canal. Foi graças à Irma que ficámos a saber que todos os barcos do mundo são construídos de acordo com a medida do Canal – o Panamax e agora com as obras de alargamento vem aí outra medida – o Post-Panamax. Claro que isto faz muito mais sentido a ver um cargueiro a atravessar lentamente o primeiro grupo de eclusas do lado Pacífico, dirigido por um capitão forçosamente panameno. é um rés-vés-Campo-de-Ourique, com roldanas e manivelas a fazer equilíbrio, num corredor de água que sobe e desde do Pacífico ao Atlântico. Sim, ficámos muito impressionadas. E também ficámos muito impressionadas quando a poucos quilómetros dali atravessámos uma carretera aberta na densa e húmida floresta que nunca muda de estação – chove todos os dias, e ai de quem de lhe mexa, não vá o canal todo por água abaixo.

Esta madrugada voamos para Cartagena. é desta. às duas da manhã, depois de muitos abraços, o Júlio leva-nos ao aeroporto. às cinco da manhã não temos o comprovativo que vamos sair da Colômbia e não nos querem deixar entrar no avião. Não pode ser, voltam as dores de barriga, desta vez de nervos, entramos em choradinhos aflitos e mostramos todos os carimbos do passaporte a explicar que estamos a fazer uma volta ao mundo a ver se damos a volta à senhora do check in. às seis e trinta, adormecemos no avião.