Coachella Valley I USA
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Vamos? Não vamos. Vamos? Não vamos. Vamos? Vamos. Flagstaff, 19 de Abril. Uma mensagem da Guatemala, dois bilhetes para o Coachella ao preço do Super Bock. Estamos no Arizona, mas o Google maps diz-nos que são seis horas até Palm Springs, menos uns minutos até ao Coachella Valley. Não temos roupa lavada, não temos tendas e não sabemos muito bem onde vamos dormir. Mas temos um carro, com bons bancos para rebater, e afinal de contas é o Coachella.

Enchemo-nos de mercearia barata, toalhitas e música nova para a viagem. Temos tudo, estamos prontas, faz-se tarde. Mas não tão tarde que não possamos dar mais umas curvas, aliás, fazer mais umas rectas pela 66, mais umas fotos em Selingman, Peach Springs, Kingman, e é pela 66 que entramos no Mojave Desert. Seguem-se três longas horas de altos e baixos, dunas, cactos, camiões e titânicas formações rochosas até chegarmos às palmeiras de índio. Não há sinais do Coachella, não há placas, nem trânsito, nem se quer gente na rua, só mais tarde percebemos porquê. às oito da noite também percebemos que não podíamos acampar o carro no parque de campismo do festival, era uma logística que teria de ser tratada com uns dias de antecedência. Deixámos o nosso carocha dos novos no parque de toda a gente e corremos para apanhar duas músicas de Beach House e os Yeah yeah yeahs da Karen O, uns quarenta minutos de concerto que só foram consolados pelo homem do grinder, a rebentar com o tempo num encore rogado. E depois de dez minutos de hits dos Blur, criou-se uma certa mancha em torno dos senhores do Britpop. é uma da manhã e um manancial de gente abandona o recinto, é só uma da manhã, queremos mais e não há mais. Fazemo-nos à gente, a antever uma dormida num parque de estacionamento, sem onde tomar banho na manhã seguinte. Mas não é nada disso que acontece, chegamos e já só lá estão meia dúzia de carros pingados e o polícia de plantão acaba de nos dar a notícia de que não podemos ficar ali – “durmam no deserto, num parque de estacionamento de um supermercado ou de um hotel, ninguém vos prende por isso”. Fazem-se duas da manhã e está escuro por todo lado, as única vivalmas são umas luzes de bicicleta a pedalar. Andamos à procura de um sítio para parar o carro, até a internet está fraquinha, e com tanto azar temos de ter alguma sorte. Damos com um parque de campismo, no meio do nada, de portões abertos. Entramos, achamos estranho, morremos de medo de quanto nos poderão cobrar pela manhã, mas sempre é mais seguro ficar à porta, e é lá que descobrimos os bancos ultra-rebatíveis do nosso carro.

Estamos no meio do deserto e às sete e meia da manhã já não aguentámos o calor e a sede. O cenário é inesperadamente bonito - um lago, jardins à volta, palmeiras e famílias americanas em caravanas a acabar de acordar. Entramos no parque, agora com o ticket de “Veículo Autorizado” e depois de um banho refrescante levamos os nossos sacos de supermercado com pão-de-forma, queijo e mini-oreos para uma das mesas de picnic, onde ficamos horas a fio a escrever e a não acreditar nas famílias super-size americanas, mexico-americanas, afro-americanas que estão à nossa volta. às dez e meia da manhã já se acendem as brasas para o barbecue interminável, às dez e meia da manhã já se carregam caixas e caixas de pão de cachorro e sacos e sacos de coca-colas e de todo o tipo de snacks, batatas-fritas, amendoins caramelizados, pistachos, marshmalows, donuts, panelas de arroz, tupperwares de feijão. Monta-se a rede que dá para o volley e para o badminton, liga-se o rádio – de um lado uma misturada de clássicos americanos e novos clássicos da pop, do outro canta-se em espanhol e já se começa a dançar qualquer coisa.

às três da tarde, depois de uma paragem para umas latinhas de margarita e redbull, num minimercado meio escondido na berma de estrada, já estamos a entrar no recinto. Agora sim, agora percebe-se o fenómeno – o Coachella é um festival de dia, é um festival de 36 graus sem sombra, de bocas secas, de palmeiras ao longe e palcos com nomes de deserto. Entramos nesta feira de vanities, de fitas e flores na cabeça, de micro-calções pelo umbigo, de decotes e bikinis e cuecas fluorescentes, folhinhos, rendinhas, botarras e pés descalços, de perucas e chapéus de palha, de bananas andantes, tubarões insufláveis, piratas das caraíbas, bandeiras americanas, mexicanas e maquilhagem à prova de transpiração. Nesta feira popular de roda gigante, de experimentos de eletricidade estática, gruas-formiga, carros-caracol, tendas-cónicas-sombra, aviões cheios de luzes e skytypers. E se a música é para todos, o Coachella também é festival de áreas restritas e reservadas, com pulseiras para maiores de idade, espaços específicos para as cervejas, vinho, tequilas e margaritas – ninguém sai dali de copo na mão, há relvados e primeiras filas para Very Important People e a sensação é a de que não se pode fazer tudo por aqui.

Mas tudo vale pela música e é por isso que cá estamos. Tarde tórrida para um concerto morno de Portugal, The Man, meia hora pacífica com Violent Femmes, uma entrada sem hits dos Hot Chips, a comoção sempre sincera dos Grizzly Bear, o inesperado sucesso dos Postal Service, a energia frenética de Franz Ferdinand, meia hora descabida de New Order, meia hora a bombar com New Order, o 1901 de Phoenix, para acabar numa grande trip com Sigur Ros. Uma da manhã, acabou-se. Mesmo depois de dez horas de festival, ainda é tão cedo para nós. Carro. Rebater bancos. Saco-cama. Botas lá fora.

A manhã repete-se, com outras famílias e o mesmo pequeno-almoço. Hoje chegamos mais cedo ao recinto, os Thee Oh Sees tocam às duas e meia e não queremos perder pitada. às cinco da tarde, bem podiam ser cinco da manhã, com a subtileza electrónica e as variações do Paul Kalkbrenner, depois corre-se para os putos do rock psicadélico que têm novo álbum – meia hora com os Tame Impala para depois andar atrás do nosso homem açucarado, Rodriguez, com grandes problemas nas afinações das guitarras. E quando achamos que chegou a hora de partir tudo, os Vampire Weekend lembram-se de azeitar à séria, com as músicas do novo albúm que ainda nem tinha saído, a energia do Hey Punk e de um Oxford Comma melou, ficou enjoativa e lamechas. Temos a certeza que o Chris Tomson, o baterista barbudo, estava tremendamente envergonhado, até baixava a cabeça nas novas batidas ultra românticas que deixavam os olhinhos do Ezra Koening a brilhar. O palco principal enche-se de crianças em filinha com t-shirts a dizer “Bad Seed” e cresce no público a expectativa. Entra Nick Cave e saímos de nós. Um concerto tão pequenino que ainda nos deu tempo para dançar com os OMD e apanhar uma valente seca à espera dos Red Hot Chili Peppers, mas a seca ainda foi maior quando entraram. O nosso Coachella acabou às onze e meia da noite, sem piri-piris, nem outros sabores que nos prendessem.

De volta ao carro, de volta aos bancos rebatíveis. Na manhã seguinte vamos sair à socapa para não pagar, não vão haver banhos, nem pequenos-almoços nas mesas de pic-nic, no dia seguinte estamos de volta a LA.