Pratada de arroz
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Oito da manhã e já nos encavalitamos no jeepney a caminho de Bontoc. Lá dentro, mães com crianças de franja escadeada e roupinhas coloridas, grades de bebidas com gás, sacas e saquinhos, gente de todas as idades a apertar-se. Dois senhores de uns cinquenta e tal anos metem conversa por detrás dos óculos de sol desportivos e casacos de nylon de riscas à Adidas. Fazemos a viagem com um olho neles e o outro nos arrozais encostados às montanhas. Paramos em Bontoc. Mais uma cidade interior cheia de estrica – autocarros de gente e mercadoria no telhado, triciclos de cor desbotada e ferrugem por toda a chapa, filas para o ATM, mercearias dos pacotinho de tudo, cafés com lonas da coca-cola, bonés para trás a passear pelo passeio, chinelas de dedo a correr pela estrada, fios de cruz e tatus a conduzir os triciclos, uniformes de mochila às costas a ir para a escola. Compramos o pão, a água e o bilhete para Banaue.
Chegámos a Banaue, mas ainda não chegamos ao destino. Ou bem que vamos com as galinhas, ou bem que vamos no telhado. Escolhemos o telhado. Dizem-nos que temos de nos agarrar bem, que a viagem é cheia de solavancos e tropeções, mas se o Jeepney virar, é sempre melhor ir em cima. Levámos a nossa felicidade aos píncaros e todos os saltinhos foram pulos de alegria, todo o vento frio nos encheu o peito e todos os arranhões são marcas para não nos esquecermos.
Chegámos ao miradouro de Batad, mas ainda não chegámos a Batad. A partir de agora não há transportes que nos valham, se queremos entrar na aldeia dos campos de arroz, temos de o fazer pelos nossos próprios meios. Começamos pelo “shortcut” de mais de 600 degraus, sempre a descer, fazemos o caminho de terra batida, sempre a descer, pelas pedras, pelos buracos, pelas raízes, sempre a descer, e depois de meia hora sempre a descer, chegamos a Batad.
é uma varanda para as Cordilleras, um anfiteatro imenso de plantações de arroz, são socalcos largos, encharcados, com toda a palete de verdes e castanhos, de casas toscas de telhados de folha de bananeira e de folha de zinco. é pelos terraços que andamos, a subir e a descer muros e escadas improvisadas, a desviarmo-nos dos homens de cesta à cabeça carregados de espigas maduras, a pararmos nas mulheres de pés enterrados na lama, que plantam, um a um, os pedúnculos de arroz transplantados. é uma subida e descida de efeito lenticular, em que os tons e as formas dos arrozais mudam na mudança de posição, de ponto de vista, mais acima, mais abaixo, mais ao lado, mais lá dentro. Mais uma pratada de arroz.
Sete da manhã e põe-se o corpo à prova outra vez. Da terrível descida fez-se uma dramática subida, de se ficar roxa e com os bofes todos de fora. Ainda assim, vamos à procura de mais campos de arroz. Desta vez apanhamos uma boleia com o atravessado Jeff. De brinquinho na orelha, de rabicho de cavalo amarelo a cair-lhe pela nuca, dentes pretos de tanto mascar o bétel e a doideira dos vinte e poucos anos, sempre a rasgar no triciclo por caminhos esburacados até aos terraços de Banaue. Nós, paridas de três dias de intenso esforço físico, a chocalhar e a-a-a-a-a-a-a rabujar até aos view points, dos mais não sei quantos arrozais, lá íamos tirando umas fotografias e voltando para o triciclo, que mais do que isso, nem pensar. O Jeff, perde-se de riso com a nossa categórica resolução de não nos mexermos. E é assim o resto da tarde, entre sopinhas e torradas, a fazer horas para o autocarro das sete.