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Da nossa liberdade

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Não escrevemos manifestos, nem odes, nem poemas ou cantigas. Não rasgámos soutiens, nem perdemos a cabeça, nem as nossas cabeças rolaram. Não saímos à rua, não marchámos, não conjecturámos, não levantámos a calçada. Não estivemos no 25 de Abril. A nossa liberdade foi um dado adquirido. Não a sonhámos, não a chorámos nem nunca ficámos especialmente felizes por ela. é bom só nos sentirmos presas no trânsito, no mau tempo, nalgumas horas de trabalho, quando falta dinheiro, quando há um corte na luz, na água, quando a internet não funciona, quando não há rede no telemóvel. A liberdade é parte de uma luta passada ou é uma projecção futura, do “quem me dera”, do “se eu pudesse”, do “um dia vou”, “um dia faço”.

A liberdade cai facilmente no lugar-comum dos rastafáris, dos artistas, dos reaccionários de cartaz na mão, dos foras-da-lei, dos que grafitam paredes às escondidas e mudam as placas de sítio, dos esquisitos, dos extravagantes, dos que despem a camisola.

Se acreditássemos mesmo nisto, como é que poderíamos trazer a casa às costas e ter casas diferentes em cada lugar? Como é que poderíamos andar com a mesma roupa durante uma semana inteira, não dormir três dias seguidos e ao quarto não ter sono. Como é que saberíamos o gosto da noodle soup ao pequeno almoço ou que o ar das ventoinhas é melhor que o ar condicionado. Quando é que acordaríamos no Cambodja se adormecêssemos no Vietnam?

Se acreditássemos mesmo nisto, talvez não soubéssemos que liberdade também é falar na nossa língua e ninguém nos entender, ter um cenário paradisíaco à frente e ficar de mau humor. Mergulhar no mar às duas da manhã e ir à praia sem fazer a depilação. Talvez não soubéssemos que é possível ficar mais morena do que o que se quer e estar sempre com calor. Talvez não soubéssemos que liberdade também é tomar banhos de água fria, andar descalça três dias seguidos e ter calos nos dedos dos pés. Que a liberdade pinta as unhas de preto.

Se fosse mesmo assim, quando é que preferiríamos dez horas de autocarro a uma hora de avião? Quando é que teríamos tempo? Quando é que diríamos não quando quiséssemos muito? Quando é que dormiríamos com lagartixas? Quando é que ficaríamos contentes por não ter electricidade, pelo menos três dias por semana?

Ah, a liberdade de não saber onde vai ser amanhã, de não saber se estamos diferentes, de ter saudades de casa e não querer voltar. Ah a liberdade de não ter de fazer a cama todos os dias.

A nossa liberdade é não saber que horas são, nem que dia da semana é. De ter vinte picadas de mosquito num braço só. De brincar com o fogo e ver o fundo do mar. Confiar nos outros, andar quatro em cima de uma mota e ficar sem dinheiro no meio do nada. Partilhar. Apaixonarmo-nos e desapaixonarmo-nos uma vez por semana, chorar quando seguimos em frente e deixamos amigos para trás.

A liberdade de rir a bandeiras despregadas pelo menos uma vez por dia. De ter medo. De dormir em todas as posições, acordar cedo sem despertador e ter janelas diferentes pelas manhãs. A liberdade de cantar alto no meio da rua. Saber que o mar é azul, é verde, é transparente, é cinzento, é castanho, é quente, é muito quente, é gelado. E ter sempre uma história nova para contar.

Esta é a nossa liberdade, é o nosso manifesto, é a nossa ode, o nosso poema, a nossa cantiga. E se for preciso rasgamos soutiens, perdemos a cabeça, que rolem as nossas cabeças. Esta é a nossa liberdade. Não é um dado adquirido, saímos à rua. Sonhámos com ela, chorámos por ela e somos felizes.