Qual é o tempo para Hanói?
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Se agora pudéssemos ver Hanói lá do alto, daríamos por nós baratas tontas nesse confuso formigueiro, nesse ninho de furões, nesse enxame de vespas e motorizadas. Mas às cinco da manhã da nossa chegada, não vimos Hanói lá de cima, Hanói caiu-nos em cima.
No grande carro preto passamos junto ao lago onde já tudo se exercita num vigoroso halterofilismo, num sincronizado tai chi, em compassadas massagens em fila, em altas esticas de badminton e ágeis biqueiras ao The Thao. Cinco da manhã, directos de uma matança rápida, carregam-se porcos aos pares sobre scooters em equilíbrio, são os quatro em linha em cima de uma mota, sempre a assapar. São os caçarelhos e a quinquilharia em verticais impossíveis, em laterais duvidosas, sempre a assapar. São os aquários improvisados, as flores aos molhos, as cestas encavalitadas, sempre a assapar. Nós, no grande carro preto, a inverter o sentido desta marcha, a desacelerar.
Seria agora tempo para Hanói se deitar um pouco e descomprimir, depois de tanta guerra, tanta batalha, tanta contenda e escaramuça. Mas não, é cheia daquele amor próprio que sempre a faz andar para a frente, andar mais rápido, revolver-se, que o tempo perdido está lá, cravado numa memória comum que já poucos querem recordar. Mas chapado nas fachadas dos velhos edifícios, permanece o tempo da Indochine; às voltas nas panelas resiste o paladar chinês dos noodles, do há cao e do sui din e nas ruas mantém-se o ritual da baguete. Ainda do trava línguas achinesado que se ouve, acidentalmente pinga um Ca Phé e sai uma Bia, restos de um francês esfrangalhado em ditongos e monossílabos, organizados orgulhosamente por um português. Sim, foi o Padre Jesuíta Francisco de Pina quem principiou a escrita romanizada da língua vietnamita, e se não temos caracteres chineses espalhados por todo o Vietname, devemo-lo a ele.
A nossa Hanói viveu-se debaixo de um céu cinzento e de um frio muito pouco auspicioso, mas só a abandonámos depois de lhe vermos o sol. Sete dias se passaram em casa, nas ruas, na berma da estrada, no carro, no grande carro preto, na franzina mota do Stefan, nas lojas dos DVDs, nos bancos do lago, nas padarias francesas, nos mercados. Tantas vezes o tempo ficou suspenso na heroica travessia da estrada, quando o passo não hesita nem abrandam as aceleras. Tantas vezes o tempo voltou atrás, em sessões de cinema projectadas na grande parede da sala, nas pálidas mãos de Ho Chi Min, no Ca Phé dos cafés da Catherine Deneuve. E quantas vezes perdemos a noção do nosso tempo para acertarmos as horas com eles – às cinco da manhã também nós não parámos nos semáforos, também nós cortámos as esquinas e abreviámos rotundas para chegarmos a tempo à ginástica, ao hastear da bandeira e ao substancioso Phò das sete da manhã.
às sete da tarde, vemos Hanói lá do alto, do café central. E o Jorge pergunta: - a vista do lago ou a vista do outro lado? Ficamos com o cruzamento das motas, das bicicletas, dos chapéus em bico, dos vendedores ambulantes, de frente para os banquinhos e as cadeirinhas de criança espalhados pelos passeios de quem sai à rua para jantar. Cruzámos o olhar para o outro lado, o lado do lago, e percebemos que Hanói traz ainda Paris no coração, mas é na taquicardia da ásia que se sente a cidade pulsar.