Perdidos ou encontrados?
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bitdebris.com Não fazemos outra coisa se não carregar mochilas. As nossas, diz o Madja, estão tão compactadas, tão comprimidas, tão atulhadas, que já não há nem mais um espacinho para se meter o que quer que seja. E mais uma vez, o senhor que despacha as malas para o barco faz aquela cara de sofrimento, aquele esforço inesperado, aquele esgar incontido aos vinte quilos que lhe passamos para o lombo, é uma vergonha. Somos vítimas da violência das nossas mochilas. Ainda não vimos nenhuma nem tão grande, nem tão pesada. O Jorge diz que se diz que para se saber qual o peso ideal, deve levantar-se a mochila acima da cabeça durante 45 segundos. Ora nós nem sequer a conseguimos levantar acima dos joelhos, e para a pôr às costas, ou bem que há uns banquinhos ou uns degraus improvisados, e nós lá nos enfiamos entre as alças e fazemos balanço para nos levantarmos, ou então, se não há mais nada, lá nos amparamos uma à outra, e coitadinha da primeira que tem de levantar uma mochila já com outra às costas – andamos derreadas.
O rio estava atravessado naquela manhã. Da viagem calma e tranquila, entre montanhas e aldeias remotas, pouco se sentiu. Nós, que andamos a fugir ao rafting, levámos ali com o rio todo em cima. Já nos estávamos a imaginar rio abaixo, nós, mais as mochilas, mais os computadores, mais a máquina fotográfica, “ai se cai a máquina ao rio”, é que nem é por nós, é a máquina. Mas lá nos safámos. Ao longe, já se avistavam pouco mais de uma dezena de casas de madeira, erguidas em estacas altas de frente para o Nam Ou – só podia ser Muang Ngoi.
Só podia ser o Niels, meio aluado, meio estremunhado, a aproveitar a happy hour para beber não um, mas dois mojitos, e sentar-se na nossa mesa, desta vez, sem pedir licença. Sabíamos que devia andar por estas bandas, não sabíamos era que o íamos encontrar tão cedo. Mas já são seis, faz-se tarde e faz-se luz também. Em Muang Ngoi, só há electricidade três horas por dia. é o tempo de se carregarem as baterias, dos banhos de água quente (não era o nosso caso), de se ligarem as ventoinhas e de se ir jantar. Na nossa mesa, um balcão sobre o rio, petisca-se indiano, prova-se francês, sorve-se lao e põem-se em cima da mesa dilemas e dicotomias, decisões difíceis, preto no branco: “preto ou branco?”, “massa ou arroz?”, “Beatles ou Rolling Stones?”. Apagam-se as luzes, acende-se o céu sobre a montanha. Nunca a noite foi tão bonita. Depois perdemos as certezas, e já não sabemos se estamos ou se imaginámos.
“Direita ou Esquerda?”. O caminho é sinuoso e labiríntico, feito de trilhos cerrados, carreiros íngremes, veredas acidentadas e intermináveis campos de arroz. Temos de cruzar rios, ribeiros e quedas de água, contornar montes, cortar montanhas e descer até ao vale. Depois surgem os lugares – aglomerados de cabanas, cães, porcos e galinhas, as crianças têm rédea solta também. Entra-se na lide do campo, no auto-sustento, na felicidade das coisas poucas. E volta-se a medo, que o sol é de pouca dura e temos duas horas de caminho pela frente. Só de imaginá-lo às escuras, aceleramos o passo. Chegámos ao cair da noite e ao cair da tempestade.
Ao levantar do dia, carregámos as mochilas, o Madja e o Niels connosco. Pelo caminho pára-se para uma tarde de Flight of the Concords, no querido cinema de Nhong Kiaw, volta-se a passar uma noite na querida cabana junto ao rio, e duas horas e meia de saltos, abanões, buracos e poças de lama depois, estamos de volta a Luang Prabang.