Mekong I Laos
Devagar se vai ao Laos

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Rasgamos o Mekong. Rasgamos este manancial de água, lama e pedras afiadas. Ou é esta criatura que nos deixa passar a custo, à força de motores duvidosos, em barcos bravos e estreitos. Sim, somos arrastados pela força do Mekong até Luang Prabang. é esta torrente endemoninhada, de humores sensíveis e súbitos ataques de fúria, que nos carrega, insignificantes.

São precisos dois dias para atravessar o Mekong até Luang Prabang. Dois dias num barco lento, douto e experimentado. Uma paragem é feita quando escurece. Retoma-se para o outro dia, a partir de Pekbang.

O rio avança. O horizonte cresce, como se não fossemos nós a afastarmo-nos, mas como se subitamente tudo crescesse à nossa frente. Este é um zoom out de horas, num plano contínuo de uma vegetação farta, um rio irado e um estendal com as cuecas, o soutien, as calças e a t-shirt.

Estamos há longas horas nisto. No barco os turistas, aventureiros de peito cheio, não se aguentam para falar da sua muita experiência, das suas grandes proezas, do seu umbigo viajado. Mesmo ao lado dois americanos roncam mais alto do que o próprio motor e guincham, excitados, qualquer coisa estupidamente banal.

Fugimos para a cozinha. Este barco é uma família, uma casa, um negócio, o ganha pão. Ao leme o pai, o que refreia as forças do Mekong; no convés, mãe e filha, a dar vazão à larica insatisfeita do turista; connosco o outro filho, aquele que fuma cigarros para matar o tempo – estriba-se na janela e olha. Sozinho esfumaça o maço numa viagem.

O tédio das coisas grandes, que nunca mais acabam. Este prolongamento, esta coisa tensa que é relaxar. Mais sete horas até Luang Prabang. Ontem foram mais sete. O tempo que se tem em viagem para olhar. Olhar mais fundo, olhar mais adentro, olhar de soslaio, olhar com perspectiva, olhar entreaberto.

Somos distraídas por uma Yashica ao peito de um rapaz moreno e sisudo. Ouve-nos falar. Sabemo-lo. Volta na desculpa de outro cigarro. E desta vez fala-nos, pois claro. Parece que o português é coisa apreciada pelos países baixos, e foi assim, nesta conversa baloiçada que, na cozinha do barco, conhecemos o Madja.