Banguecoque em Novembro
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go Não sabemos para onde temos de ir, não nos sabem dizer para onde temos de ir, o taxista não sabe ir para onde temos de ir. Mas que importa, quem tem boca vai a Ploen Chit. Tentámos todos os sotaques possíveis, todas as entoações, todos os ritmos com todas as pausas, mas o Inglês Thai tem uma fonética diferente e só mais tarde é que percebemos isso.
Estamos no meio dos arranha céus. Depois de uma índia de pé descalço, parecemos umas autênticas saloias num condomínio privado com piscina e ginásio no rooftop. Rimos alto, acotovelamo-nos, que luxo! Saiu-nos a sorte grande. De onde é que nos saiu este Pablo, o nosso amigo de Banguecoque.
Acabadas de chegar à Tailândia, corremos para a China Town. Tudo o que possam imaginar é verdade. A comida de rua, os neons, as lojas apinhadas de bugigangas e calendários, all made in China. Picámos isto aqui, aquilo ali, mais umas coisas do outro lado, as ruas são este buffet farto, é ao gosto do freguês. E porque a cidade é um mercado a céu aberto, arma-se a barraca em qualquer passeio, desde que haja o pedaço de chão e a mercadoria, está o negócio aviado.
à noite o mercado é outro. Nestas ruas vendem-se fantasias, eróticas e das outras também. Há corpos ao manifesto. Homens transformados em belíssimas mulheres, mulheres feitas homens. Já com o Pablo e com o amigo Josete, estacionámos numa Pão de Forma e ficamos por lá ao sabor da conversa e de uma Chang.
Juntam-se mais espanhóis e espanholas. Há mais quatro acabadinhas de chegar, todas artilhadas de baton e blush na clutch. Vai-se ao Siroco, um grande arranha céus com vista para os arranha céus. é de cortar a respiração. Mas também ficamos sem ar quando tivemos de pagar setecentos baths pelas duas cervejas quentes que nem conseguimos acabar. Setecentos baths podem ser sete jantares no Seven Eleven, vinte e um copos de noodles, sete panelas de sopa thai (sendo que cada panela dá para três pessoas no mínimo), cinco massagens tailandesas de uma hora ou cinco horas de massagens de qualquer tipo. Ainda dava para cem garrafas de trinta e três cl de água, vinte pacotes de vinte pacotinhos de bolachas de sésamo (cada pacotinho tem três bolachas o que dá três vezes vinte vezes vinte bolachas). Portanto, dá para ter uma ideia da frustração que nos caiu em cima, no alto do Siroco, com vista para Banguecoque. Ainda nem tínhamos recuperado do tombo e já estávamos a ser conduzidas para a Road 66. A discoteca mais Hype de Banguecoque passa os últimos Hits da música de dança do Ocidente. é o freak show da mini-saia, da lente de contacto e do eyeliner, é o tease sem o strip. é a thai e o turista. E são os berrinhos e os gritinhos das teens que na sala ao lado vibram com os outros teens, de cabelo cor de rosa e óculos de massa, a rocar em tailandês, qualquer coisa desesperadamente romântica.
“Estamos meias acordadas neste império postiço”. Vemos uma cidade de plástico a plastificar a própria cultura. Falsifica-se o sexo e o olhar tem sempre uma segunda layer, os noodles são empacotados, os mercados são “same same”, cópia da cópia da cópia, tudo é feito para inglês, francês e americano ver. Até os dois “malls” mais famosos de Banguecoque são os antípodas um do outro, se num se vendem os originais, haute couture, marcas caríssimas, produtos de luxo, do outro, encontram-se as mesmas marcas, os mesmos produtos, as mesmas griffes, mas todos falsificados.
Fugimos para norte. Voltamos em Dezembro.