Punta del Este I Uruguai
Sabor a casa

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Os uruguaios da ilha deserta do Cambodja, os que iam na proa na noite da tormenta, os de todas as noites em Siem Reap estão agora à nossa espera “numa mitad de la nada, en la ruta”, numa enfiada de casas bonitas ali bem perto de Punta del Este.

é a terceira vez, e de seguida, que entramos na casa de amigos de viagem. Estão todos diferentes, estão todos mais magros, mais responsáveis, mais na vida deles. A Diana e o Andrés vivem numa casa toda bonita e recebem-nos de lareira acesa, com três cães grandes a lamberem-nos as mãos. Passaram-se seis meses, mas a cerveja volta para cima da mesa e a conversa volta a ganhar a mesma cadência. Seis meses de histórias em atraso, de caminhos paralelos, para nos encontrarmos ali, no sofá deles.

As conversas continuam na mesa do pequeno-almoço, nos bancos do carro, no passeio pelo Porto, nos bairros Beverly Hills, nas encruzilhadas com água em todos os lados, a comer empanadas em miradouros para o mar. Punta del Este em Setembro é uma cidade cheia de hotéis e restaurantes fantasma, há muito pouca gente na rua para tantos os edifícios, há muita persiana fechada para tantas janelas. O Andrés diz que no Verão chegam a ser cerca de um milhão de habitantes na cidade, mas agora vivem duzentos mil. Por isso chegámos na época boa, quando não se demora uma hora para chegar de uma ponta da cidade à outra, e não tem de se fazer fila para se ir comprar pão e há sempre lugar para estacionar e a vida é pacata. No Verão não é assim, os argentinos e os brasileiros chegam em magote e enchem a calçada, inundam as praias, invadem as lojas de luxo, os restaurantes de assinatura, os cafés de charme, o bling bling dos casinos. Punta del Este é de bem, é modinha, é para quem pode e para quem quer mostrar que também pode. E se se andam mais uns quilómetros pela costa em direcção ao norte, as casinhas ficam mais madeirinhas, branquinhas, rasteirinhas, casas de revista de decoração e de blogue de design interiores na ondinha da praia. Tanta palhinha, tanto ferro velho restaurado, tanto bom gosto nos vasinhos de jardim. E o sol vai pôr-se à Punta de las Balenas, sem baleias à vista, mas com o mar a engolir o sol.

Os dias no Uruguai foram aquela coisa bem familiar de andar por casa, estender roupa em arames cá fora, brincar com os cães, jantar em frente à lareira, comer os biscochos que a mãe da Diana trouxe e ir passar o fim-de-semana com a família do Andrés em Montevideo. Tanto o Andrés como a Diana cresceram aqui, num bairro muito judeu, com riscas vermelhas e brancas em frente às casas, numa escola judia, cresceram a arranhar o hebraico e até foram viver para Israel. Agora que vivem em Punta del Este não deixam de vir cá passar o fim-de-semana, de passar tempo com a família e com os amigos, e desta vez, trouxeram-nos a nós. Mas nós perdemos a festa de aniversário de uma sobrinha para nos empanturrarmos no mercado das carnes uruguaias e para andarmos umas horas folgadas pelo centro. E entre feiras de antiques e bandas ambulantes de samba ouve-se uma Amália a sair de uma loja de velharias e livros de muitas mãos. Entrámos para ouvir melhor e saber porquê, saímos com declamações de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e uma enorme paixão por Lisboa de um uruguaio-mexicano tradutor de Lispector e performer das palavras. Perdemos a queda e o bolo de aniversário, perdemos a corrida para o hospital, mas chegámos a tempo de fazer um chá à mãe do Andrés, aborrecidíssima, no sofá da sala. O Domingo continuou em família, com a casa cheia de irmãos e cunhados, com criançada no chão e avós a trazer ladkes e pascualinas e com todo o chocolate do bolo de aniversário do dia anterior. Soube mesmo a casa.